Estudo aponta quatro áreas promissoras para disrupção: distribuição de seguros; dados; vendas, marketing e engajamento e administração de seguros

O mercado de seguros irá experimentar uma profunda transformação nos próximos anos. Depois que as chamadas fintechs — startups de tecnologia para o mercado financeiro, como o Nubank, é a vez das insurtechs — empresas de alta alavancagem que atuam no segmento de seguros — mexerem nas bases dos seguradoras tradicionais.

No Brasil, esse é um mercado extremamente rentável, especialmente após o processo de estabilização da moeda nacional que teve início em 1994. Em 2016, foram arrecadados R$ 239,3 bilhões, conforme dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), o que representa um crescimento nominal de 9,2% em relação ao ano anterior. O volume de indenizações, benefícios, resgates e sorteios pagos aos segurados foi de R$ 121,6 bilhões.

Além disso, é um mercado necessário para o funcionamento do próprio sistema econômico, o que favorece seu crescimento mesmo em anos de crise.

As seguradoras convivem com sistemas legados difíceis de manter e integrar com o novo mundo digital. Os sistemas e processos não foram construídos com a nova demanda de usabilidade e são pouco flexíveis e adaptáveis”, explica Marcelo Blay, CEO e fundador da Minuto Seguros.

“O mercado brasileiro é gigantesco, mas é altamente regulamentado o que reprime alguns processos de inovação, você leva mais tempo com seguros do que em outro segmento”, conta Cristiano Maschio, CEO da Next One. A startup, criada em 2016 e acelerada pela Visa, oferece uma plataforma para outras empresas oferecerem seguros aos clientes sem aumentar os custos e com a promessa de dobrar a receita. “Percebemos esta demanda através da ineficiência do sistema de seguros e financeiro atual”, diz Maschio.

Insurtechs

Um relatório da FTPartners publicado em dezembro do ano passado, intitulado Insurance Technology Trends, aponta que “o mercado de seguros é amplamente visto como a próxima grande oportunidade para as empresas que compõem o ecossistema das fintechs”. A complexidade e regulação extrema, aliados a processos ultrapassados, tornam o mercado tradicional de seguros pouco inovador, conforme o relatório.

O estudo aponta também quatro áreas promissoras para disrupção: distribuição de seguros; dados; vendas, marketing e engajamento e administração de seguros. Entre os maiores problemas do mercado, estão um sistema de distribuição e comunicação ineficientes, falta de clareza sobre os preços e tecnologia arcaica.

De acordo com o relatório, o interesse pelo tema “insurtechs” aumentou 800% entre janeiro de 2015 e maio de 2016 — com base no volume de notícias e artigos sobre o assunto. No período, passaram a surgir não apenas startups, mas um ecossistema inteiro, inclusive com eventos direcionados. No Brasil, a Youse, subsidiária do Grupo Caixa Seguradora, foi uma das primeiras a atuar no segmento.

No final de 2016, foi realizado em Las Vegas o primeiro grande evento da área, o Insurtech Connect 2016, com a presença de 1500 participantes e 50 painéis de discussões. Está previsto para acontecer em agosto o primeiro evento brasileiro sobre insurtechs, o InsurTech Brasil. “Muitas destas iniciativas que estão surgindo possuem grande potencial de sinergia com as Seguradoras e Corretores. Este é o momento ideal de entender e conhecer quem está inovando” diz José Prado, CEO do Conexão Fintech.

A demanda por seguros deverá se diversificar cada vez mais, levando os clientes a exigirem soluções mais personalizadas. Novos dispositivos e tendências, como carros sem motoristas, wearables, blockchain, inteligência artificial e internet das coisas irão forçar as seguradoras a implementarem novas medidas. No momento, as startups estão na vanguarda.

“As seguradoras que estão tendo sucesso são aquelas que se aproximam deste ecossistema digital e desenvolvem soluções em conjunto com as mais variadas startups ao invés de tentar buscar as soluções sozinhas”, conclui Marcelo Blay.

Fonte: Administradores.com