Feira de eletroeletrônicos apresenta protótipo de casa conectada e dados do setor; venda de TVs cresce com desligamento de sinal analógico.

Ligar ou desligar a luz com a voz, controlar portas e janelas pelo celular, conectar eletrodomésticos à nuvem. Parece inevitável que a Internet das Coisas (IoT, sigla para Internet of Things) ganhe espaço nos lares brasileiros. A pergunta é: quando? E a que preço?

“Esse ‘futuro’ já é real nos Estados Unidos. Acreditamos que isso comece forte no Brasil a partir de 2019”, afirma Rafael Assa, diretor executivo da Alfacomex, importadora e distribuidora do segmento eletrônico.

A empresa apresenta um protótipo de casa conectada durante a 12ª Eletrolar Show, feira da indústria e do varejo de eletroeletrônicos, eletrodomésticos, celulares e tecnologia da informação que começa nesta segunda-feira em São Paulo.

No projeto, a Alfacomex exibe uma série de produtos desenvolvidos para funcionar com o sistema operacional da Apple. São sensores de movimento, de fumaça, câmeras, iluminação e controladores de acesso de marcas distintas, mas que podem ser controlados pelo aplicativo HomeKit.

“A pessoa consegue criar vários cenários. Por exemplo, programar para que quando um sensor de porta seja acionado, uma câmera e a iluminação sejam ligadas”, explica Assa.

A lâmpada Hue, da Philips, que integra o sistema, já é comercializada, mas outros produtos, como sensores e fechaduras, devem chegar ao mercado em agosto.

Segundo Assa, a automação “ainda está destinada a um público AA, porque são produtos caros”, mas isso pode mudar.

“Não é que os itens do HomeKit sejam baratos, mas são produtos de fácil instalação, e a pessoa pode ir comprando gradativamente, priorizando aquilo que é mais importante para ela. É o começo da automação sendo vendida no varejo. A empresas estão em uma corrida para desenvolver produtos dentro desse formato, porque sabem que há potencial para ser algo de larga escala, e não mais tão de nicho”, afirma Assa.

Em 2016, o pequeno setor de automação residencial e predial brasileiro demonstrou estabilidade, apesar da crise. Uma pesquisa da Associação Brasileira de Automação Residencial e Predial (Aureside) feita com 160 empresas do segmento apontou que para metade delas (53,2%) o nível de negócios ficou estacionado em relação ao ano anterior, enquanto para 24,1% diminuiu, e para 22,8%, aumentou.

A Aureside estima que apenas 3% das casas brasileiras sejam automatizadas —nível que ficaria entre 20% e 25% em países europeus e nos Estados Unidos.

Os itens conectados ao HomeKit podem ser comprados separadamente, mas o kit completo apresentado pela Alfacomex custaria cerca de R$ 5.000.

Pé no chão

Para segmentos de eletroeletrônicos já consolidados, o primeiro semestre de 2017 foi de resistência diante do cenário político e econômico turbulento no Brasil.

O volume de vendas do setor aumentou 18,5% na primeira metade deste ano, na comparação com o mesmo período de 2016. Só a comercialização de televisores cresceu 30,3%.

“O aumento se explica, em parte, pela melhoria do cenário para o consumo e, em parte, pelo desejo da população de se antecipar ao desligamento do sinal analógico no país”, explica Lourival Kiçula, presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos, a Eletros.

Na linha de portáteis, foram vendidas 26,5 milhões de unidades em 2017, volume 23% superior ao de 2016. Já a linha branca teve uma retração de 2,97%, na mesma base de comparação.

Outro dado reflete as expectativas dos fabricantes de eletroeletrônicos para os próximos meses. Segundo pesquisa da Eletros, em junho, 36,7% dos produtores afirmaram estar otimistas que 2017 será melhor do que o ano passado. Em janeiro, 25% dos entrevistados mostraram a mesma confiança.

“Com a manutenção da agenda de reformas positivas, acreditamos que o segundo semestre poderia ser ainda melhor”, afirma Kiçula.

Os dados foram apresentados pela associação durante a Eletrolar Show, que é voltada para profissionais do setor e segue aberta até quinta-feira no Transamerica Expo Center.

Fonte: Veja.com